Fender traz de volta a Telecaster Rosewood de George Harrison
A Fender, uma das mais famosas construtoras de guitarras, acaba de produzir cem clones da Telecaster Rosewood que George Harrison usou no álbum Let It Be e no último concerto da banda, no teto da Apple, em janeiro de 1969. A guitarra original foi emprestada à Fender por Dhani Harrison, filho de George. O instrumento foi desmontado, revirado, medido e replicado nos seus mÃnimos detalhes. Resta saber se algum exemplar chegará por aqui e a que preço.
Se
algum dia algum historiador da música decidir eleger um sÃmbolo
definitivo para o rock, a guitarra elétrica muito provavelmente será
a escolhida. Nesse sentido, algumas guitarras são icônicas, para
usar uma palavra da moda: Lucille, a Gibson 355 de B.B King; Number
One, a Fender Stratocaster de Steve Ray Vaughan; Lucy, a Gibson Les
Paul de George Harrison. Aliás, por falar em George Harrison,
vamos logo ao tema desta semana: a Fender Telecaster construÃda
especialmente para o beatle em 1969, a mais icônica das icônicas
guitarras do rock. A madeira utilizada foi o rosewood,
o nosso nacionalÃssimo pau-rosa, hoje ameaçado de extinção.
A
Fender Telecaster feita em rosewood (pau-rosa) especialmente pela
Fender para George Harrison em 1969.
Cem
cópias – E
o que pode haver de tão especial em uma guitarra? Afinal, todas
seriam iguais. Que engano. Cada guitarra é única na construção,
na madeira usada, no peso, no captadores, nos timbres, nos
propósitos, mesmo que clonadas. E é de um clone que vamos tratar. A
Fender acaba de construir cem cópias rigorosamente iguais Ã
Telecaster de George Harrison. Para conseguir essa proeza, o
mestre luthier Paul
Waller teve acesso irrestrito à guitarra, graças a uma gentileza de
Dhani Harrison, filho único e, ele mesmo, um clone de George.
Dhani
Harrison, filho de George Harrison, e a Telecaster que pertenceu a
seu pai.
Para
entender o clone da guitarra, é preciso recuar um pouco no tempo e
falar sobre o instrumento original. A ideia da Fender de
construir uma guitarra emrosewood maciço
nasceu em 1968. A empresa queria um produto novo e, numa jogada de
marketing, decidiu construir dois protótipos: uma Telecaster para
George Harrison e uma Stratocaster para Jimi Hendrix. Os Beatles e
Hendrix estavam no auge da fama e o retorno para a Fender estaria
praticamente garantido.
À
perfeição – Phillip
Kubicki era um jovem e talentoso luthier que
trabalhava desde 1964 no departamento de pesquisa e desenvolvimento
da Fender. “No outono de 1968 fui informado de que deverÃamos
construir essas guitarras especiais. Seriam, na verdade, quatro
instrumentos. Duas Teles e duas Stratos. As melhores seriam enviadas
aos músicos. Passei horas lixando os corpos até a perfeição. Uma
fina camada de poliuretano foi aplicada em cada instrumento”,
recorda-se Kubicki.
Como os Beatles iam entrar em estúdio para gravar um
novo álbum, a construção da guitarra de George tornou-se uma
prioridade na Fender. “A guitarra deveria ter um acetinado especial
e, para tanto, o corpo e o braço do instrumento foram lixados
novamente com lixa de areia de número 500, acompanhando os veios da
madeira, até que essas superfÃcies ficassem absolutamente lisas. Em
seguida, ela foi polida pacientemente com tecido muito fino, até
ganhar brilho. A guitarra foi checada e rechecada, colocada em um
estojo preto e encaminhada para o departamento de marketing da
Fender, recebendo o número de série 235594. Nunca mais vi o
instrumento, pelo menos pessoalmente”, disse Kubicki.
Em
mãos – Enquanto
o segundo protótipo da Telecaster era recolhido aos estoques da
Fender, o modelo concluÃdo foi enviado à sede da Apple, na
Savile Row, 3, em Londres. Uma nota curiosa sobre essa viagem do
instrumento: a guitarra ocupou uma poltrona como se fosse um
passageiro, tendo na poltrona ao lado um funcionário da Fender, que
a entregou em mãos, no dia 2 de janeiro de 1969.
Veja
e ouça George Harrison tocando sua Fender Telecaster Rosewood no
último concerto dos Beatles, realizado no teto da Apple, em 30 de
janeiro de 1969:
George
usou a guitarra em estúdio, nas gravações do álbum Let
It be e
no último concerto ao vivo dos Beatles, no teto da Apple. “Eu me
lembro de quando vi a guitarra no filme Let
It Be. Fiquei
tão emocionado que quase pulei da minha poltrona no cinema”. Em
dezembro do mesmo ano, George Harrison deu sua Telecaster de presente
ao guitarrista Delaney Bramlett, do grupo Delaney & Bonnie
And Friends, com quem também tocou Eric Clapton. Depois da
morte de George, em 2001, um grupo de amigos comprou a Telecaster por
cerca de US$ 500 mil e a deu à viúva do beatle, Olivia. Hoje ela
integra a coleção de Dhani Harrison, guardião das guitarras
que pertenceram a seu pai.
Veja
o mestre luthier Paul Waller, da Fender, explicando o making of
do clone da Telecaster de George Harrison:
O
retorno – Agora,
47 anos depois, a Fender volta a produzir a mesma guitarra. Para
isso, a Telecaster original foi desmontada, medida em cada detalhe,
replicada na sua parte elétrica de modo a reproduzir o mesmo timbre
exibido por George Harrison no filme Let
It Be.
Dhani Harrison diz que a Telecaster de seu pai é bastante pesada,
“cerca de sete vezes mais do que uma Tele normal, mas, mesmo assim,
hoje, é a minha guitarra preferida”.
Os
clones da guitarra de George têm captadores feitos pelas mãos da
mestre Abigail Ybarra, responsável pela construção dos melhores
captadores da Fender desde 1956, quando começou a trabalhar na
empresa, levada pelas mãos do pioneiro Leo Fender, o criador das
guitarras dessa marca. Para a execução desse projeto, Abigail
quebrou sua aposentadoria e dedicou-se à construção dos pickups.
Pedigree
– A
parte mais difÃcil na confecção das cem unidades foi encontrar
peças de rosewood o
mais semelhantes possÃvel à madeira do instrumento original.
Potenciômetros e capacitores foram replicados nos mÃnimos detalhes
e tudo leva a crer que a Telecaster Rosewood renasce em grande
estilo. O preço de cada unidade não foi revelado. Se algum exemplar
chegar ao Brasil, muito provavelmente seu preço alcançará a
estratosfera, como sempre ocorre com guitarras de pedigree.
PS.
Não se sabe a razão, mas a Fender Stratocaster feita de pau-rosa
maciço especialmente para Jimi Hendrix jamais foi entregue. O
instrumento foi concluÃdo em abril de 1970. Hendrix morreria em
Londres quatro meses depois. Essa guitarra está desaparecida até
hoje.
Se
algum dia algum historiador da música decidir eleger um sÃmbolo
definitivo para o rock, a guitarra elétrica muito provavelmente será
a escolhida. Nesse sentido, algumas guitarras são icônicas, para
usar uma palavra da moda: Lucille, a Gibson 355 de B.B King; Number
One, a Fender Stratocaster de Steve Ray Vaughan; Lucy, a Gibson Les
Paul de George Harrison. Aliás, por falar em George Harrison,
vamos logo ao tema desta semana: a Fender Telecaster construÃda
especialmente para o beatle em 1969, a mais icônica das icônicas
guitarras do rock. A madeira utilizada foi o rosewood,
o nosso nacionalÃssimo pau-rosa, hoje ameaçado de extinção.
A
Fender Telecaster feita em rosewood (pau-rosa) especialmente pela
Fender para George Harrison em 1969.
Cem
cópias – E
o que pode haver de tão especial em uma guitarra? Afinal, todas
seriam iguais. Que engano. Cada guitarra é única na construção,
na madeira usada, no peso, no captadores, nos timbres, nos
propósitos, mesmo que clonadas. E é de um clone que vamos tratar. A
Fender acaba de construir cem cópias rigorosamente iguais Ã
Telecaster de George Harrison. Para conseguir essa proeza, o
mestre luthier Paul
Waller teve acesso irrestrito à guitarra, graças a uma gentileza de
Dhani Harrison, filho único e, ele mesmo, um clone de George.
Dhani
Harrison, filho de George Harrison, e a Telecaster que pertenceu a
seu pai.
Para
entender o clone da guitarra, é preciso recuar um pouco no tempo e
falar sobre o instrumento original. A ideia da Fender de
construir uma guitarra emrosewood maciço
nasceu em 1968. A empresa queria um produto novo e, numa jogada de
marketing, decidiu construir dois protótipos: uma Telecaster para
George Harrison e uma Stratocaster para Jimi Hendrix. Os Beatles e
Hendrix estavam no auge da fama e o retorno para a Fender estaria
praticamente garantido.
À
perfeição – Phillip
Kubicki era um jovem e talentoso luthier que
trabalhava desde 1964 no departamento de pesquisa e desenvolvimento
da Fender. “No outono de 1968 fui informado de que deverÃamos
construir essas guitarras especiais. Seriam, na verdade, quatro
instrumentos. Duas Teles e duas Stratos. As melhores seriam enviadas
aos músicos. Passei horas lixando os corpos até a perfeição. Uma
fina camada de poliuretano foi aplicada em cada instrumento”,
recorda-se Kubicki.
Como os Beatles iam entrar em estúdio para gravar um
novo álbum, a construção da guitarra de George tornou-se uma
prioridade na Fender. “A guitarra deveria ter um acetinado especial
e, para tanto, o corpo e o braço do instrumento foram lixados
novamente com lixa de areia de número 500, acompanhando os veios da
madeira, até que essas superfÃcies ficassem absolutamente lisas. Em
seguida, ela foi polida pacientemente com tecido muito fino, até
ganhar brilho. A guitarra foi checada e rechecada, colocada em um
estojo preto e encaminhada para o departamento de marketing da
Fender, recebendo o número de série 235594. Nunca mais vi o
instrumento, pelo menos pessoalmente”, disse Kubicki.
Em
mãos – Enquanto
o segundo protótipo da Telecaster era recolhido aos estoques da
Fender, o modelo concluÃdo foi enviado à sede da Apple, na
Savile Row, 3, em Londres. Uma nota curiosa sobre essa viagem do
instrumento: a guitarra ocupou uma poltrona como se fosse um
passageiro, tendo na poltrona ao lado um funcionário da Fender, que
a entregou em mãos, no dia 2 de janeiro de 1969.
Veja
e ouça George Harrison tocando sua Fender Telecaster Rosewood no
último concerto dos Beatles, realizado no teto da Apple, em 30 de
janeiro de 1969:
George
usou a guitarra em estúdio, nas gravações do álbum Let
It be e
no último concerto ao vivo dos Beatles, no teto da Apple. “Eu me
lembro de quando vi a guitarra no filme Let
It Be. Fiquei
tão emocionado que quase pulei da minha poltrona no cinema”. Em
dezembro do mesmo ano, George Harrison deu sua Telecaster de presente
ao guitarrista Delaney Bramlett, do grupo Delaney & Bonnie
And Friends, com quem também tocou Eric Clapton. Depois da
morte de George, em 2001, um grupo de amigos comprou a Telecaster por
cerca de US$ 500 mil e a deu à viúva do beatle, Olivia. Hoje ela
integra a coleção de Dhani Harrison, guardião das guitarras
que pertenceram a seu pai.
Veja
o mestre luthier Paul Waller, da Fender, explicando o making of
do clone da Telecaster de George Harrison:
O
retorno – Agora,
47 anos depois, a Fender volta a produzir a mesma guitarra. Para
isso, a Telecaster original foi desmontada, medida em cada detalhe,
replicada na sua parte elétrica de modo a reproduzir o mesmo timbre
exibido por George Harrison no filme Let
It Be.
Dhani Harrison diz que a Telecaster de seu pai é bastante pesada,
“cerca de sete vezes mais do que uma Tele normal, mas, mesmo assim,
hoje, é a minha guitarra preferida”.
Os
clones da guitarra de George têm captadores feitos pelas mãos da
mestre Abigail Ybarra, responsável pela construção dos melhores
captadores da Fender desde 1956, quando começou a trabalhar na
empresa, levada pelas mãos do pioneiro Leo Fender, o criador das
guitarras dessa marca. Para a execução desse projeto, Abigail
quebrou sua aposentadoria e dedicou-se à construção dos pickups.
Pedigree
– A
parte mais difÃcil na confecção das cem unidades foi encontrar
peças de rosewood o
mais semelhantes possÃvel à madeira do instrumento original.
Potenciômetros e capacitores foram replicados nos mÃnimos detalhes
e tudo leva a crer que a Telecaster Rosewood renasce em grande
estilo. O preço de cada unidade não foi revelado. Se algum exemplar
chegar ao Brasil, muito provavelmente seu preço alcançará a
estratosfera, como sempre ocorre com guitarras de pedigree.
PS.
Não se sabe a razão, mas a Fender Stratocaster feita de pau-rosa
maciço especialmente para Jimi Hendrix jamais foi entregue. O
instrumento foi concluÃdo em abril de 1970. Hendrix morreria em
Londres quatro meses depois. Essa guitarra está desaparecida até
hoje.
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